Nu (4h40)

    "Alô!?"

    "Renato?"

    "Hum?"

    "Volta pra casa... Sério."

    "Não. Já são quatro horas da manhã, vai dormir."

    "Eu não consigo, Renato. Volta, por favor. Eu vou te buscar se você quiser."

    "Eu não vou voltar, tô falando sério."

    "Para de ser escroto, foi só uma briga por causa da merda de um relógio."

    "Não foi só por isso e você sabe. Desliga o telefone e volta a dormir."

    "Renato... Volta pra casa, sério."

    "Eu já disse que não vou voltar."

    "Se você não voltar, eu juro que vou sair gritando pela rua o quanto eu te amo, o quanto me arrependo de ter sido estúpido, vou implorar pra você voltar, vou dizer para todo mundo que eu encontrar que você é o amor da minha vida."

    "Você não vai fazer isso. E para de citar Ana Carolina, bobo."

    "Eu vou, tô falando muito sério. Se você não voltar, eu faço uma serenata, já tô pegando o violão."

    "Você nem sabe tocar."

    "Quem disse que preciso? É só ficar dando umas batidinhas e pronto. Aliás, eu sei sim. Você me ensinou aquela música ridícula uma vez e eu vou tocar ela o mais alto que eu conseguir até você voltar pra cá comigo."

    "Essa música só fala de um pato."

    "Não tem problema, eu improviso. Eu digo que te amo, eu falo que preciso de você aqui... Eu invento qualquer coisa... Mas eu vou aí te buscar."

    "Para com isso, Carlos. Vai dormir, por favor."

    "Renato, eu tô falando sério, vem logo pra cá. Eu preciso tanto de você..."

    "Você não pode esperar até amanhã? Não percebe que é por causa disso que a gente sempre discute? Você é um mimado e, caralho, são quatro da manhã. Podemos só dormir e resolver isso amanhã de manhã?"

    "Nato..."

    "Você tá bêbado, né?"

    "Não."

    "Dá pra ver na sua voz. Carlos, por favor, você vai se arrepender disso amanhã. Volta a dormir, amanhã eu converso contigo, sério."

    "Renato, você não entende que eu preciso de você aqui e agora?"

    "Deixa de ser teimoso, por favor, só hoje. Eu quero dormir."

    "Eu não ligo, eu quero que você volte pra cá, porque, porra, é... vazio aqui sem você. Chega até dar medo. A cama fica tão grande que eu penso que ela vai me engolir. Eu não tô conseguindo dormir sem você aqui."

    "Dorme no sofá então... Você já bebeu, não vai ser tão difícil apagar."

    "Renato... Por favor."

    "Por favor digo eu."

    "Eu... Ugh.. Eu vou pra aí. Sei que você tá na casa da sua mãe, mas... Eu vou aparecer aí completamente nu. Eu juro."

    "Carlos pelo amor de deus, para de infantilidade."

    "Eu preciso de você... E eu tô... Porra... Nato..."

    "O-o que você tá fazendo?"

    "Eu tô sofrendo. Vem pra casa, por favor... Eu já to pelado. Se você não vier logo eu juro que saio assim... E vou falar pra todo mundo que o culpado disso tudo é você: Renato Oliveira. O cara mais gostoso do mundo, o mais amável, o mais maravilhoso... Meu namorado."

    "Carlos..."

    "Vem... Por favor."

    "Não fala baixinho assim... Eu..."

    "Nato..."

    "Sério, Carlos. Vai pro quarto, toma um banho, veste uma roupa e vai dormir."

    "Vem me ajudar a fazer isso?"

    "Carlos."

    "Renato."

    "..."

    "..."

    "Droga, eu tô indo. Chego em 15 minutos."

    "Eu amo você."

    "E eu espero que você vá se foder. (te amo também)"